27 de março de 2013

5 PROBLEMAS DA PREGAÇÃO MODERNA

Não posso começar esse texto sem antes reconhecer uma coisa: Tenho visto a pregação da Igreja brasileira melhorar. É motivo de alegria perceber e se juntar principalmente a jovens que estão despertando para uma pregação totalmente bíblica e expositiva. Mesmo assim ainda há muito a se fazer. Ainda há muito a melhorar. Não escrevo isso por me achar um grande pregador, estou longe, bem longe disso. Escrevo para mim, para outros jovens pregadores e para todos nós que escutamos o evangelho. Em resumo, o maior problema da pregação contemporânea é a marginalização das Escrituras. O pior é que na maioria das vezes nem percebemos, e por isso quero apresentar cinco causas dessa marginalização. Espero abrir nossos olhos para o que está acontecendo em nossos púlpitos. Estamos perdendo a confiança no poder da Palavra. Que verdade assustadora! O diabo deve vibrar com ela. Estamos perdendo a confiança de que a Palavra bíblica pregada é a arma mais poderosa de salvação, libertação e avivamento. Temos a tendência de colocar nossa confiança agora somente nas orações, louvores, objetos ungidos, campanhas de doação, boas obras, etc. Temos esquecido que é a Palavra que transforma um vale de ossos secos num vale de corpos vivos! Ela é a autora da nossa fé! “A fé vem pelo ouvir e pelo ouvir da PALAVRA de Deus.” Romanos 10:17 Estamos diminuindo o conteúdo bíblico das nossas pregações. Essa é a primeira consequência do problema anterior. Quando não cremos na palavra como principal agente da fé começamos a introduzir outras coisas em nossos sermões. Começamos a explicar a Bíblia em função das nossas vidas e não explicar nossas vidas em função da Bíblia. Perdemos a noção da mensagem total e central das escrituras e adicionamos muitos assuntos seculares num púlpito santo. “Tem cuidado de ti mesmo e da DOUTRINA. Continua nesses deveres; porque fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes.” 1 Timóteo 4:16 Estamos deixando o evangelho de Jesus de lado. Parece até exagero, mas é verdade. Alguns meses atrás durante um acampamento de jovens ouvi um cara dizer: “acho que pregam muito sobre salvação, deveriam falar de outras coisas além de Jesus na cruz.” Minha vontade foi dizer: “Acho que você precisa ouvir ainda mais!”. E isso é o que infelizmente está acontecendo. Quantas pregações você já ouviu que não apontam pra Jesus? Quantas pregações você já ouviu que não falam de pecado, arrependimento, justiça e ressurreição? A Bíblia inteira aponta para Jesus e suas boas novas, como uma pregação pode não fazer isso? Assim, como já vo-lo dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar OUTRO evangelho além do que já recebestes, seja anátema. Gálatas 1:9 Estamos focalizando demais em necessidades humanas percebidas. Esse é aquele problema quase invisível, que parece fazer bem, mas que nos mata pouco a pouco. Pregadores estão se importando mais com o que as pessoas querem ouvir do que com o que elas precisam ouvir. Púlpitos se tornaram divãs e as pregações em palestras motivacionais. Pregamos como se não pudéssemos fazer nossa audiência se sentir culpada, mas é exatamente isso que o evangelho faz. Queremos agradar e encher nossos prédios, mas o que adianta enchê-los de pessoas mortas? Porque, persuado eu agora a homens ou a DEUS? ou procuro agradar a HOMENS? Se estivesse ainda agradando aos HOMENS, não seria servo de CRISTO. Gálatas 1:10 Estamos valorizando demais a tecnologia. Considero a tecnologia nossa grande aliada na pregação, mas precisamos ter cuidado com ela. Uma grande tendência é não lermos e estudarmos mais a bíblia de maneira sequencial. Temos agora a internet e seus aplicativos que nos permitem achar qualquer texto isolado. É de chorar saber que muitos preparam suas pregações apenas pesquisando passagens no Google. Outro cuidado é não transformar sua mensagem num show de slides, luzes e vídeos. A mensagem visual ajuda muito, mas nunca pode ultrapassar a mensagem verbal! Conjuro-te, pois, diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu reino, Que pregues a PALAVRA, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. 2 Timóteo 4:1-2 Minha oração é que estejamos atentos a esses problemas. Vamos ter o máximo de zelo com a Palavra e nossos púlpitos. Para glória de Deus e nossa alegria! PEDRO PAMPLONA

27 de fevereiro de 2013

NARCISISMO "GOSPEL"

Quem já ouviu falar de Narciso? Pois é! De acordo com a mitologia greco-romana, Narciso foi um jovem que, por causa de uma maldição, se apaixonou pela própria imagem refletida na lagoa de Eco. A admiração pela própria imagem fazia Narciso pensar que era semelhante a um deus! Em sua mente, tudo girava em torno de sua beleza! Parece-me que hoje, cada vez mais, as pessoas são encorajadas a olharem para si mesmas com os olhares de Narciso! Impressiona-me, por exemplo, como tudo gira em torno de entretenimento! Vale tudo para fazer as pessoas se sentirem bem, alegres e felizes, mesmo que isso aconteça às custas da realidade! Além disso, existe entre nós uma espécie de existencialismo barato, que faz com que o mundo em que vivemos seja o mundo da autoajuda e do estilo de vida baseado na busca pelo prazer, o que muitos confundem com felicidade. O problema é que a moda pegou, e pegou muitos cristãos! Sim, os cristãos têm acreditado nessa mentira e, junto com os ímpios, fazem coro dizendo que “o que importa é a minha felicidade e nada mais”! Você já parou para ouvir os cânticos da moda? Já percebeu como eles disfarçadamente colocam o homem e suas necessidades no centro, ao invés da obra e pessoa de Cristo? Você já entrou numa livraria evangélica e viu quantos títulos existem tratando de autoajuda? O que dizer, por exemplo, da liturgia de algumas igrejas, que incentiva a sensualidade e a extravagância? E as pregações que tratam de “5 passos para felicidade” ou “8 passos para uma vida de sucesso”? Meus irmãos, a velha mentira (de que seríamos como deuses) faz mais parte da nossa realidade do que imaginamos! Um antídoto contra o narcisismo gospel! Deus nos fez para A Sua glória! (Is 43.7) Ele é a medida de todas as coisas! Tudo o que existe, existe para que Ele seja magnificado e glorificado! Nada foge deste propósito! Assim, precisamos entender que não somos o centro do universo! Não nos bastamos! Não estamos aqui para encontrar a felicidade! Aliás, nenhuma perspectiva pode ser mais egocêntrica do que esta! Imagine que, harmoniosamente, todas as coisas no universo declaram a glória do grande Deus! Agora imagine que o homem, ao contrário de toda a criação, insiste em perceber o mundo a partir de si mesmo! Se Deus é incomparável e de valor inigualável, não percebê-lo como fonte e centro de toda a existência seria uma prova de imenso egoísmo. A Bíblia não é um livro de autoajuda (2 Pe 1.19-21) A Bíblia não é uma caixinha de promessas! A Bíblia não é uma espécie de amuleto ou tarô gospel, onde as pessoas, aleatoriamente (e misticamente), buscam uma palavra mágica! A Bíblia não é um livro de autoajuda comprometido com a minha satisfação e autoaceitação! Ao contrário, a Bíblia é a revelação de Deus, comprometida com a glória dEle! Na Bíblia, Deus revela a si mesmo (sozinhos não poderíamos compreendê-lo) a homens pecadores! Dessa forma, a Bíblia deve ser entendida como um todo, um todo que revela a Glória de um Deus que escolheu, por graça, redimir um povo por meio do Seu Filho. Assim, pregações como “5 passos para o sucesso” ou até “atitudes que liberam a benção” não fazem o menor sentido biblicamente, porque removem a pessoa e obra de Cristo do centro (ainda que textos bíblicos sejam usados) e colocam o homem! Portanto, nos coloquemos diante do Livro dos livros, entendendo que Deus é glorificado quando nós conhecemos e reconhecemos a Sua glória revelada em cada página dele! E sabemos que isto está acontecendo quando o resultado da nossa leitura bíblica nos faz estimar mais a Cristo e menos a nós mesmos! Precisamos de uma perspectiva correta de nós mesmos! (Sl 139.13,14) Preciso entender que o fato de ter sido criado à imagem e semelhança de Deus não me dá nenhuma prerrogativa para autoglorificação ou autogratificação! Muitas pessoas têm entendido esta cara doutrina de maneira equivocada! O fato de termos sido criados de forma admirável e assombrosa, aponta para a magnitude do Criador e não para a nossa, visto que todas as coisas têm como objetivo revelar a glória de Deus! Portanto, ao invés de dizer “amem-se” ou “valorizem-se”, o discurso deveria ser “valorizem a Deus por aquilo que vocês são, colocando à disposição dEle seus dons e talentos”! Percebe? Não precisamos nos sentir bem conosco mesmos! Precisamos é reconhecer que Deus já nos deu tudo o que precisamos em Cristo, e que se precisamos nos sentir bem conosco mesmos para sermos felizes e tudo o mais, estamos reconhecendo que estas coisas estão em nós e não em Cristo! Marcelo Milazzo