26 de setembro de 2010

PÓS MODERNIDADE, IGREJA E REINO DE DEUS - PARTE 2

É POSSÍVEL USAR “FERRAMENTAS” DE PÓS-MODERNIDADE NO REINO DE DEUS?

Observando superficialmente os dois conceitos, dá-se a enganosa impressão de que são antagônicos e de difícil associação. Muitas pessoas, ao longo da história das nossas igrejas, tentaram demonstrar que tudo que é moderno, contraria os valores do reino de Deus.

Não pretendemos atrair para o nosso estudo, uma discussão inútil do consuetudinário, tão pouco sugerir uma associação entre o mundo e a igreja, mas unicamente demonstrar que existem algumas ferramentas aceitas por todas as pessoas, em todos os lugares, em todas as épocas, que foram aperfeiçoadas no tempo presente e que, de alguma forma, são desprezadas por nós, exatamente no momento em que deveríamos delas fazer excelente uso.

Em época anterior, quando examinávamos o texto de Isaías 6, falamos da necessidade de um aprofundamento na época de nossa vivência, porque só assim conseguiremos, na função de REINO DE DEUS, conceder respostas a tão angustiantes questionamentos sociais, materiais, filosóficos e, sobremaneira, espirituais.

Talvez estejamos vivendo tempos idênticos ao de Isaías quando da visão citada no texto do capítulo 6, ele vivia num cenário de falsa prosperidade às expensas do governo, o que encorajou uma vida de corrupção e luxo acompanhada pela opressão do pobre e uma religiosidade sensual, imoral e pagã, idem nossa modernidade.

Deus poderia ter colocado o seu povo protegido disso, em um lugar onde o pecado, a corrupção e incômodo não fossem notados, ao contrário, o povo do Senhor quase sempre esteve em zonas de conflito. Olhando por perspectivas espirituais, lembramos da realidade das igrejas da Ásia, elencadas no Apocalipse. Todas viveram tentações, perseguições, afrontas e dificuldades, mas analisemos com cuidado o que Deus diz sobre a igreja de Pérgamo:

Conheço o lugar onde habitas, onde está o trono de Satanás, e que conservas o meu nome e não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas, minha fiel testemunha, meu fiel, o qual foi morto entre vós, onde Satanás habita. (Apocalipse 2.13)

Cremos com firmeza que, se esta igreja tivesse ignorado essa realidade, teria vivido a triste experiência dos crentes de Corinto:

Eis a razão por que há entre vós muitos fracos e doentes e não poucos que dormem. Porque, se nos julgássemos a nós mesmos, não seríamos julgados. Mas quando somos julgados, somos disciplinados pelo Senhor, para não sermos condenados com o mundo. (I Coríntios 11.31,32).

Acho importante destacar aqui que nos dois casos, Deus não usou a referência do externo, do mundo, para nivelar a igreja “por baixo”, ao contrário disso, o Senhor queria mostrar para sua igreja que o padrão de referencia está dentro da seleta comunidade dos santos, os quais devem buscar um padrão paradigmático de vida em excelência espiritual.

Nosso personagem vivia em Jerusalém e tinha recebido de Deus um ministério para os reis daquela cidade, especialmente para Acaz e Ezequias. A nação vivia uma realidade pecaminosa, tão o era que o pecado manchou a pele do rei Uzias com lepra, por causa da sua desobediência conforme narra II Crônicas 26. 16-21:

Mas, quando ele se havia tornado poderoso, o seu coração se exaltou de modo que se corrompeu, e cometeu transgressões contra o Senhor, seu Deus; pois entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar do incenso.
Mas o sacerdote Azarias entrou após ele, com oitenta sacerdotes do Senhor, homens valorosos, e se opuseram ao rei Uzias, dizendo-lhe: A ti, Uzias, não compete queimar incenso perante o Senhor, mas aos sacerdotes, filhos de Arão, que foram consagrados para queimarem incenso. Sai do santuário, pois cometeste uma transgressão; e não será isto para honra tua da parte do Senhor Deus. Então Uzias se indignou; e tinha na mão um incensário para queimar incenso. Indignando-se ele, pois, contra os sacerdotes, nasceu-lhe a lepra na testa, perante os sacerdotes, na casa de Senhor, junto ao altar do incenso.
Então o sumo sacerdote Azarias olhou para ele, como também todos os sacerdotes, e eis que já estava leproso na sua testa. E apressadamente o lançaram fora, e ele mesmo se apressou a sair, porque o Senhor o ferira.
Assim ficou leproso o rei Uzias até o dia da sua morte; e, por ser leproso, morou numa casa separada, pois foi excluído da casa do Senhor. E Jotão, seu filho, tinha o cargo da casa do rei, julgando o povo da terra.

Não é exagero dizer que a condição moral e espiritual do povo começou a contaminar também o coração das pessoas, tornando-as insensíveis aos princípios que Deus havia orientado por meio da lei e dos profetas. Isso fica bem claro na própria estrutura do livro escrito por Isaías, ele começa o livro denunciando o pecado e a gravidade da situação do povo, até que no capítulo 6 um raio-x o atinge e mostra a ele mesmo sua condição que o obriga a confessar:

Ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos. (v. 5).

Percebeu como o nosso profeta está assustado? Sua confissão parece nos dizer: “sou indigno do que estou vendo”. Mas a manifestação de Deus a ele mostra um Deus “desenlatado”, pronto a trabalhar com pessoas a fim de torna-las dignas, nada obstante, seus pecados, dúvidas, fraquezas, cansaço ou vergonhas. Pecado perdoado e iniqüidade perdoada! Esse é o grande final das histórias de Deus.

Apesar de ser óbvio, cumpre-nos mostrar que Isaías era um profeta inativo, não fosse assim, Deus não estaria preocupado com a pessoa que seria enviada ao trabalho de recondução do povo à santidade. Após a visão e do encontro fantástico com Deus e com sua glória, o profeta levanta como um novo homem. Você consegue sentir a coragem dele nessa declaração? “Eis-me aqui, envia-me a mim”!

Diante disso podemos identificar três razões básicas para a necessidade de um envolvimento com os súditos do reino de Deus com os tempos de sua modernidade:

 A realidade do mundo e da época em que estamos vivendo,
 A nossa própria realidade,
 A necessidade de alguém para solucionar problemas

O que estamos tentando dizer, é que as ferramentas que a pós modernidade tem usado para destruir, podem ser usadas no reino para edificar. Não se trata de uma questão instrumental, mas operacional. A partir de agora, quero destacar alguns instrumentos eficientes no crescimento no reino do Senhor, que são, por vezes, ignorados ou tratados com certa resistência, mas que oferecem grande utilidade.

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